Se eu fosse inocente, confessava,
mas sou culpado, vou morrer calado.
Fui tirar conclusões e contundi meu cerebelo
tentei achar soluções e fiquei nu em pelo.
Mas não me escondi do fantasma,
dei a cara ao tapa e levei um soco,
ao cuspir meu dente vomitei-me todo.
Se for pra confundir vou deixar de sacanagem
não sei de nada porque estava presente,
se lá não estivesse, quem sabe eu soubesse.
Enfim... dos mares, o mais salgado,
tiro onda de inteligente e honesto
e no fundo, bem no fundo, sou modesto.
Nunca fui um livro inteiro, sou sumário...
Jogo pedra em mim a esmo,
sempre andei com um saco de gude
e um atirador de soro fisiológico.
Andei por dias a fio na cidade fantasma
e quando dei por mim, não tinha relógio,
fumei um rolo da palha que rolava
e tomei um suco de escaravelho.
As portas que batiam? não entrei...
Desafiei-me pra um
duelo, no espelho,
e atirei na vela, no escuro sou mais eu...
Nas manchas emboloradas do teto
vi o mapa dos meus devaneios,
enquanto escorria o sangue engosmado
eu me agarrava no teu seio,
virei uma nuvem de espasmos
e começou, enfim, o recreio...